"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.
Amir Klink

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Santos - SP

Aos 14 anos fui para uma cidade chamada Itajubá-MG participar de um evento chamado Laboratório Coral. Fui meio de louca, com mais duas amigas sem saber muito o que era, como era, onde ia ficar. Mas fomos. E acho que foi uma das melhores viagens da minha vida. Talvez não tanto... mas uma das que mais marcou, isso eu não tenho dúvida. Hoje a maioria das pessoas importantes na minha vida eu convivi em Itajubá (tanto em 2004, quanto no ano seguinte e em 2007).
Neste primeiro ano conheci uns paulistas. A maioria de Santos, SP. Eu confesso: odiava o sotaque e como boa carioca falava mal dos paulistas. Mas essas pessoas me fizeram perder o preconceito, deixar de odiar o sotaque e até ter vontade de ir para São Paulo.
Durante os 4 últimos anos pedi muito para a minha mãe para vir para Santos. Ela nunca deixou. Numa discussão perguntou se eu tinha visto Bicho de Sete Cabeças, fui ver. Pra quem não viu o filme e um cara que vem para Santos e acaba na casa de uns traficantes. "Mãe, meus amigos não são traficantes!!!".
Fiz 18 anos e ok, ela não pode mais reclamar muito. Pouco antes disso ela conheceu o Rodi que com cara de bom moço a deixou mais tranqüila.

E finalmente aqui estou eu.

Cheguei na madrugada de quarta para quinta. O Rodi me buscou na rodoviária de São Paulo e descemos a serra. As famosas curvas da estrada de Santos...
Chegando fomos encontrar o Helio e a Lili num bar perto da faculdade de Helio. Lá eu conheci os pais dele, as duas irmãs e uns amigos. Fomos para um bar mais vazio ali perto (onde dava pra conversar) mas lá não pode falar palavrão. Lá trabalha a família do cara, então quem fala palavrão ele expulsa do bar. O.o Então tá.
Viemos pra casa e conheci a Sônia, mãe do Rodi. Dormimos e na quinta fomos a praia aqui pertinho. O Rodi me explicou como funciona a cidade, a praia e talz. Depois voltamos pra casa, conheci a irmã dele e o Alfredo, cachorro dela. Almoçamos, saímos pra passear com o cachorro e alugamos um DVD. Helio, Lili e Sammy vieram para cá mais tarde. Ficamos conversando e comendo um tempo por aqui. O Helinho tava se sentindo mal e eles foram embora. Vimos o filme eu, Rodi, Roberta (a irmã), Alfredo (o cachorro) e Sônia (a mãe). Logo após um discurso sobre como você pode chegar aonde quiser se você tiver duas coisas: dinheiro, um veiculo que te leve e saber aonde quer ir. Veja bem, duas coisas. =P
O filme é bom, Espanhol, conta a história de um cara que vivia preso na própria vida sem conseguir um emprego, com a mesma namorada de anos, com um pai doente que ele tinha que cuidar e um irmã preso. O resto não vou contar por que perde a graça. Azul escuro quase preto.
Hoje fomos ao Guarujá município vizinho a Santos onde tem praias mais bonitas do que as daqui. É onde a "paulistada" vai passar finais de semanas e feriados. Muita gente tem casa de veraneio lá e acaba que dias de semana a cidade fica tranqüila e vazia. O que não era o caso de hoje. Na volta, ficamos tanto tempo parados na fila da balsa que dormimos. Eu no banco de carona e o Rodi no de motorista. Acordamos com os motores sendo ligados. =P
Fomos no aquário municipal que é bem legal, eu que nem gosto de fundo do mar, rios e etc. né. Tem um bem bonito que simula o fundo do Rio Amazonas. E um outro com arraias, que eu adoro. Tem tubarão, pingüim e um leão marinho. o Rodi contou que o leão marinho anterior, de quando ele era criança, era mais legal, pulava, nadava... mó exibido. Mas esse agora fica só deitadão lá.
Na sexta a noite fomos para a balada
de Santos. O Internet Bar é de um cara que já foi para Itajubá, então o Rodi o conhece. Duas bandas tocaram, ficamos dançando, bebendo até tarde.
Depois de um certo mico que um certo amigo pagou =P fomos para casa. Depois de um pouco de insônia, dormi.
Sábado fomos almoçar na casa do pai do Rodi. Conheci os irmãos, as sobrinhas, cunhados, pai, madrastos. Depois de comer de sobremesa morango com chantilly, e todos eles falarem que virão para o Rio ficar na minha casa =P eu e Rodi fomos dormir. A noite teve show do Teatro Mágico, que tirando a pirralhada gritando foi muito bom. De lá encontramos Helio, Lili, Pai e Mãe do Helio em um restaurante. Me despedi deles por que de manhã no domingo ia para Sampa.


É engraçado tá aqui. Volta e meia eu olho em volta ainda um pouco na dúvida. Quando o filme acabou, por exemplo, eu olhei pro Rodi e pensei "é, eu to aqui na casa dele. que bizarro!".
A gente diz que Itajubá é uma dobra no mapa. Parece que as pessoas só existem ali naquele lugar, naquela semaninha de julho. E aquela semana é muito especial lá você é quem quiser ser, e conhece pessoas tão intensamente, que parece que elas não existem. Ver pai, mãe, irmãos, cachorro, casa dessas pessoas é muito surreal. Ver os lugares, as fotos, conhecer as pessoas das histórias que me eram contadas ilustra muitas situações. Elas se tornam cada vez mais próximas, mais reais. Isso tudo é meio louco e sei que pouca gente vai entender... então deixa.


Sobre a cidade
Santos é uma cidade grande pequena. Tem cara de Rio, misturado com São Paulo mas num espaço reduzido. Tem 7km de orla separada por "canais" que são ruas principais que só Deus sabe por que são chamados de "canais".
A paia é bem larga e o chão não é fofo que nem as praias do Rio. A arreia é tão fina que não sai do pé mesmo que vc bata. A água é mais escura, e o mar não fica fundo.
Na verdade Santos tem bem mais kms de orla, até por que fica numa ilha (alias, isso eu não sabia!) mas todo o resto é ocupado pelo porto de Santos, um dos mais importantes do país. A Juzinha quando veio falou que o porto tinha cheiro de café. Ainda não fui lá, só passei perto então não senti isso.
Santos tem um aquário municipal, um museu do mar que tem esqueleto de baleia, três shoppings e pipoca rosa. Pois é, a pipoca doce aqui é rosa. Bizarro.

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